Do latim cor (coração) "de cor e salteado": conhecer algo perfeitamente. Do latim color (cor) sensação produzida nos olhos por ondas eletromagnéticas de uma certa frequência.
21.12.21
Prendas também não?
14.12.21
O súbito interesse pela leitura científica
A vacinação de crianças tornou, subitamente, a oposição ao Governo muito interessada na leitura de pareceres técnicos sobre este avanço científico e o impacto do seu uso em seres humanos que têm entre cinco e 11 anos. Mas, atenção!, que a preocupação foi só com as crianças do continente e do arquipélago dos Açores, porque na Madeira os cachopos não deram nenhuma dor de cabeça a ninguém! Gente rija e confiante, essa governada pelo PSD escrutinado por todos os outros Partidos que não governam em lado nenhum com decisões e opções destas a poderem e terem de ser tomadas. Os pais-piegas-eleitores estão todos, ao que parece, em Portugal continental.
É sabido que quando não se tem nada, ou pouco, para apontar ao conteúdo, se implica com a forma. Encontramo-nos com situações destas mais vezes do que nos damos conta, porque estamos pouco habituados a desmontar ideias feitas e a pensar no valor das palavras. Vivemos num Mundo em que estas se transformaram em palavras-chave e palavras-passe, como se todos lhes tivéssemos igual acesso, sem provarmos que merecemos conhecê-las para aceder a uma qualquer caverna com tesouros, quais Ali-Babá. E aqui reside uma grande parte de alguns problemas da contemporaneidade: é também preciso saber ler e avaliar a forma.
Parto do princípio que os técnicos e cientistas em vacinas e vacinação tenham partilhado toda a informação com os seus pares especialistas. É também para isso que podem servir as Ordens, caso já se tenham esquecido da sua razão de ser… Para além, claro, das várias publicações científicas, plataformas de divulgação especializada. Muitas são tão cotadas na bolsa do emprego científico que há quem se desunhe para lá ter o seu nome a assinar um artigo em que apresenta precisamente avanço científico e avaliação de impactos.
Fico contente com esta embaixada inadvertidamente criada em defesa do Open Access. Ou seja, acesso aberto, que é o que se chama à disponibilização livre na Internet de cópias gratuitas, online portanto, de artigos em revistas científicas validadas. É que há valores vergonhosos que muitas edições cobram, não apenas a quem lá publica para ser lido e ter uma boa linha no cv, como para um leitor interessado descarregar os mesmos artigos.
Mas no mundo da investigação também já se percebeu que a comunicação de ciência é uma área de conhecimento e formação específicos muito importante. Sob pena de que até o investimento público nessa investigação não reverta totalmente para… o público.
Mas voltemos ao principal: sim, temos de saber todos os riscos que corremos quando somos medicados; é por isso que vamos ao centro de saúde apanhar vacinas ou buscar receitas. Sim, quem legisla tem direito a saber sobre questões que envolvem o bem-estar dos cidadãos, talvez assim não produzam de vez em quando leis com redacções mal-amanhadas que têm de andar para trás e para a frente. É pena é que, como em tantas outras situações, só se dê por essas preocupações por causa de outras preocupações como, por exemplo, eleições próximas.
Há que ter muita atenção quando avaliamos para julgar e, para isso, temos que perceber muito bem a conversa que temos com quem sabe. Noutro assunto, por exemplo, agora que a tardia demissão do ex-MAI lá se deu, tenho estado muito atenta à investigação acessível ao atropelamento mortal na A6. Aconselho a seguirem-na também. Para muitos podermos aprender com uma tragédia irreparável, tal como foi a daquele acidente, será importante que, no final da investigação, em poucas páginas se conclua com clareza o que aconteceu, como aconteceu, porque aconteceu. Imagino que essas páginas sejam as mais difíceis de escrever e publicar para todos os envolvidos na investigação, mas será com elas e depois delas que poderemos saber e deixar só de “achar”.
7.12.21
Judite e Natália
Nos últimos dias estive mais envolvida com textos e vidas de duas Autoras que foram colegas de Curso e teriam completado neste ano 100 e 95 anos, e gostava de partilhar convosco esse privilégio. Com dois percursos muito diferentes, nenhuma delas teve, no meu entender, o reconhecimento, ainda, que a obra que deixaram merecia. E, acrescente-se, apesar do que a Universidade de Évora fez por uma, pode fazer por outra, podendo fazer ainda muito por ambas. Mas já lá vamos.
A Maria Judite de Carvalho (1921-1998) foi atribuído o Prémio Vergilio Ferreira em 1998, mas a Autora morreu pouco tempo antes e não chegou a tê-lo nas mãos. Tem a sua obra (até agora) completa reunida na editora Minotauro. Maria Natália Lima (1926-2006) ficou esquecida, depois de ter ganho um Prémio atribuído por um distinto júri e promovido pelo Diário de Coimbra, pelo Instituto Alemão e pela Editorial Verbo em 1973. E de se terem esgotado nesses anos as edições das suas duas obras que foram então publicadas e das quais só agora se reeditam, com uma terceira inédita, em trilogia pela Âncora editora. Eu disse que ficou esquecida, mas não, entenda-se, pelos jovens leitores que, na segunda metade dos anos 70, inícios de 80, devoravam livros, como esta privilegiada vossa cronista fazia.
Maria Judite acabou por viver na sombra de um marido cheio de sucesso no mundo das Letras, em que a Academia tinha, e ainda terá, um enorme peso: Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013), colega de curso de ambas na Faculdade de Letras de Lisboa. Maria Natália ter-se-á deixado ultrapassar não apenas pela sua própria vida de mãe dedicada de 10 filhos, mas por um contexto da edição para públicos juvenis, e respectiva atenção académica, que só no finzinho do século XX e sobretudo a partir de 2006 com a criação do Plano Nacional de Leitura, ganhou mais interessados, ainda que sempre à margem dos interesses do cânone, ainda que este já não viva propriamente num condomínio assim tão fechado.
Se a Universidade de Évora teve o seu papel em 1998 com o Prémio Vergilio Ferreira e assinala hoje o centenário de Maria Judite, foi graças à edição muito bem supervisionada, juntamente com os seus irmãos, pelo Professor de Filosofia na nossa Universidade, João Tiago Lima, um dos 10 filhos de Maria Natália e Rui Pedroso Lima, que Maria Natália Lima fica agora disponível nas livrarias. E contará comigo para estudar e divulgar essa trilogia que reúne Os Outros e Eu, A Liberdade e Eu, Ele e Eu, rendida que estou, na releitura, à qualidade desta mini-saga literária que vem, na minha opinião, preencher um espaço que ainda persiste vazio nas estantes dos livros mais lidos por jovens portugueses.
Aproximando-se a quadra em que a haver folga nas finanças domésticas se compram prendas para oferecer, sugiro que antes de embrulharem as obras destas duas Autoras, as leiam também. As duas tão diferentes na escrita uma da outra: uma existencialista; outra realista. Como também serão diferentes os potenciais leitores. Ambas atentas conhecedoras dos comportamentos do ser humano em sociedade, ambas exímias artistas da palavra que se transforma em frase, parágrafo, texto literário que cria mundos e lê o Mundo. Contextos com pretextos próprios em que importará, depois, pensar mais um pouco.
30.11.21
GP centenária
Chegaram na sexta-feira ao fim as comemorações dos 100 anos da Escola Gabriel Pereira. Tendo tido eventos em espaço público e com público em 2019, antes disto tudo começar, o pano caiu com a publicação de um livro que conta a história mais recuada da instituição, mas encerrando com o relato das próprias comemorações.
23.11.21
As arrelias na saúde
Se dúvidas houvesse sobre as dinâmicas sociais e os seus impactos no quotidiano, relacionadas com o chamado “elevador social”, as notícias dos últimos dias sobre o estado do SNS confirmavam-mas. Note-se que estou a falar das “notícias sobre” e não do “estado do”. Este último não poderá nunca ser um estado perfeito, não só porque todos queremos sempre mais e melhor, mas desde logo porque se sabe que todo o montante recolhido pelo Estado ao cobrar IRS não chegará para pagar o que custa cuidar da saúde dos portugueses.
16.11.21
Nem tcharam!, nem uau!
Eu sei que faz parte, que o “quanto pior melhor” é, não apenas uma táctica, como uma forma de sobrevivência (e falo de novo, respectivamente, de alguns que frequentam a AR e de uma certa comunicação social), mas que cansam e banalizam o que merece seriedade, em defesa da Democracia, lá isso cansam. E deixem ver quanto tempo dura o sururu (já quase não ouço nada!). Entretanto, julguem-se os suspeitos e condenem-se os culpados. Para que não se pense que, com tanto barulho, isto se transforme mesmo num regabofe.
9.11.21
Da provável monotonia cheia de surpresas
E que não se pense que a proposta desta opinião alivia a vida a qualquer um dos dois grandes Partidos. Cada um deles vai ter de se pensar e pensar muito bem as alianças que fará. Que não se pense que confiar em radicais é bom, para qualquer lado que penda. Que se pense sobretudo muito bem, antes de querer chegar ao microfone mais depressa e falar mais alto. O microfone é um isco tramado e a memória das gravações, quando dá jeito, pode ser tão perigosa como a falta dela.
2.11.21
A Separação
26.10.21
Os Godot deste mundo
19.10.21
Rebéubéu pardais ao ninho…
12.10.21
Crónica pessoal mas retransmissível
5.10.21
O Tempo da Democracia
28.9.21
A Beleza da Democracia
Começar logo a seguir a eleições uma nova temporada de crónicas que têm leituras políticas (por mais voltas afectivas no estilo do discurso que se lhes dê) é uma rentrée em força que precisa de algum tempo. Anuncio, pois uma crónica longa, um defeito que assumo e que procurarei corrigir sempre que a coisa começar a descambar. Não esquecendo o berço da DianaFm, a quem agradeço mais uma vez a confiança em mim para este espaço semanal, é sobre Évora a reflexão. Ainda assim, qualquer semelhança com a realidade noutro concelho não será mera coincidência.
Da longa e monótona pré-campanha, que nos entrou casa dentro por vários ecrãs, porque a COVID19 ainda ameaçava no espaço mais público, custou-me, para além dos costumeiros prantos apocalípticos e ladainhas de promessas, acompanhadas de “papas e bolos” a que dificilmente se chamarão compromissos; custou-me o perpetuar do comentário a debates de que quem está no poder tem a vida facilitada na campanha. Até se vulgarizou o erudito termo de “incumbentes” e tudo! A sério? Acham mesmo que ser alvo é mais fácil que ser dardo? Acham mesmo que os eleitores se lembram mais depressa do que está melhor (se é que está) do que está menos bem ou pior?
Na verdade, cá pelo burgo, os Partidos que costumam eleger membros para a Câmara ou para as Assembleias até andaram muito entretidos a fazer mais oposição a um Partido da oposição do que ao da governação. O que não deixa de ser bizarro. Marcada pela partida de Jorge Sampaio, tão esperada quanto triste como todos os fins inevitáveis que não desejamos, também esta campanha, local mas a derramar para o tom das redes sociais, se entreteve no concurso do maior “fumo” na manga esquerda dos casacos. O concurso deste pregão do luto pela visibilidade não foi bonito.
Mas foi divertido, em Évora, perceber que, ao fim de oito anos, numa campanha que parecia igual à de há também oito anos (tal a pobreza de novos argumentos que só revelaram incapacidade de mudar, já agora para melhor como prometiam), o actual executivo tenha continuado a tentar colher dividendos, e arriscando-se a pagar juros, do estilo de fazer política do Partido. O resultado demonstrou que, em Évora, os primeiros, os dividendos, ainda valeram e comprovou o que vale usar ervas nas bermas e desanimação cultural para contestar. Argumentário que se mostra ora fértil para fraca oposição, ora infértil para quem quer progresso. Fracos argumentos a contribuir, não para a elevação de uma massa crítica, mas para um ambiente do “quanto pior, melhor” com que se enleiam munícipes.
E estes, os Eborenses, afinal sabem sempre bem o que querem: os munícipes que não votaram deverão ter certamente entendido que quem faz do concelho o que ele é são muito mais os seus habitantes do que quem o governa; os eleitores que votaram para manter quem governa, afinal não se importam com ervas nem desanimação, e preferem quem conhecem para as deixar - às ervas e à desanimação - prosseguir o seu caminho; os cidadãos que votaram para que mudasse, talvez tenham aprendido que o discurso da contestação não se combate com iguais imagens “marteladas” do apocalipse, nem a secundar promessas sem caboucos capazes de sustentar projectos que, às tantas, nem sequer passam de verbos de encher, com pouca vontade que se concretizem (ninguém me desconvence que ser Capital Europeia da Cultura é um deles). Enfim, daqui a quatro anos há mais. Que quem não gostou dos resultados preste muita atenção ao trabalho dos que, na oposição, talvez lhes diminuam o desgosto.
Uma das várias belezas da Democracia, para além do poder do voto para fazer a mudança ou confirmar a satisfação em breve (quatro anos passam a correr), é podermos escolher livremente o lado em que queremos estar. E até militar num Partido pela identificação com os seus princípios e contribuindo para que quem se proponha a praticá-los não os tresleia. E também em Évora se percebeu que o Partido Socialista parece ser uma boa Escola de Democracia, tendo atraído para a sua formação três dos seis candidatos a estas eleições, o que faz dele um grande Partido democrático e, com isso, um imenso alvo em que é fácil acertar. E até, como está visto, que se lhes voltem as costas.
Ter atenção a estes “pormaiores” dá algum trabalho, mas também ninguém disse que isto tudo era fácil. Além de que nem sempre o que é fácil é o melhor, embora pareça e seja muito tentador. Aliás, e para não deixarmos morrer a esperança: o que dá muito trabalho é fazer com que tudo seja simultaneamente o melhor possível e pareça o mais fácil possível. Louvo os Políticos que pensam e fazem assim, porque lá que os há, há.
13.7.21
O Verão, o vírus e a vacina
Até à próxima.
6.7.21
Joe vs Zé
Com a prisão de Berardo, de quem todos já suspeitávamos tratar-se de uma personagem que desliza bem no palco de uma certa vida com glamour: um tipo com bom gosto para a Arte, para o vinho e para o uso do muito dinheiro, num estilo à talentoso Mr. Ripley; com a sua prisão, os despojos morais disputam-se entre quem concorre ao lugar de quem mais contribuiu para a queda do pano. Entre os deputados da Nação que, em comissão parlamentar, optaram pelo guião cómico, e o juiz Carlos Alexandre que armou a sua já habitual cena de policial em canal de TV cabo, as câmaras sedentas de filmaços andaram numa fona e recolheram alegria aos molhos.
Lembram-se, talvez, de um sketch dos Gato Fedorento em que “Fuck you” seria impropério mal-educado na boca de um pobre, mas excêntrico e muito giro dito por um rico; e de um “minicaixotinho” que se tornava numa obra de arte interativa com valor na Bolsa. Alguns, muito poucos, tiravam já a pinta ao ambiente onde todos se pelavam por ir dar um pezinho de dança e fazer um tchim-tchim. Mas o glamour partilha com a cobiça a vantagem de ofuscar todos, até já só com lantejoulas de pechisbeque usadas com a mesma arrogância com que se usam diamantes, e com a desculpa de que o dinheiro é todo da mesma cor e fica bem no bolso de qualquer um. Quanto mais com Arte, senhores, com Arte! A que dizem que eleva as sensações, as emoções e, em curto-circuito, amolece os corações mesmo diante do glamoroso intrujão que albarda melhor o burro ao costume de quem já está no meio das traficâncias de favores e cifrões.
O curioso, neste último acto de Joe a caminho de voltar a ser Zé, é ele repetir vários enredos ficcionais, ou mirabolantes casos passados da vida real. Faz sobretudo lembrar aquelas histórias passadas nas grandes capitais ocidentais dos loucos anos 20, ou até dos 50, pós-guerras portanto, em que à festa constante das elites, as que podiam beber champanhe ao pequeno-almoço e trincar umas ovas de esturjão antes de aterrar na almofada, se juntavam uns infiltrados capazes de deslumbrar pela sua ousadia em aproveitar as desbundas e ajudar à festa. Ao curioso da repetição junta-se o triste ímpeto dos que, ficando do lado de fora do casino glamoroso, murmuram vendo passar os bólides de que se pudessem faziam o mesmo. É assim que a roda-viva, mesmo que abrande, nunca parará. E que a euforia de pseudo heróis justiceiros também não ajuda.
29.6.21
A Escandaleira
22.6.21
Que gira, a bola húngara
Outra vez multidões em estádio. Outra vez o colorido dos trajes, bandeiras, enfeites e pinturas tribais, ordeiramente de acordo com a ocasião lúdica, mas com resquícios de batalhas. Outra vez gente em festa, até ao momento em que uns continuam em festa e outros adiam a esperança. A tal que é nestes casos que renasce, na época ou campeonato seguinte, porque a outra esperança está definitivamente sobrevalorizada de tão genérica que é para esta era de especialistas. Outra vez a ouvirmos o barulho da festa em vez do ruído dos homens em campo, muito homens, a suar, a gritar, a ordenar, com impropérios muito machos.
15.6.21
António Torrado (1939-2021)
8.6.21
Janela virada para a guerra
1.6.21
Eu sou dali desde pequenino
25.5.21
A Voluntária e o Farrapo
18.5.21
Contra a estupidez, calar, calar
Todo o falatório que desse sopro de vapor resultou, à procura de culpados para além de quem não cumpriu as regras COVID19, não veio senão desculpar a estupidez: a de cada cidadão, a de cada sócio ou adepto, a de cada eleitor. Concluindo: acho que foi um bom evento teste a vários níveis. Aguardemos, ansiosamente, os movimentos do Rt e a actuação do maldito Corona.
11.5.21
Nem faunos, nem ninfas
4.5.21
A Confiança
27.4.21
O trabalho
20.4.21
A Liberdade de máscara
13.4.21
Os Quatro Ódios da Desumanidade
A propósito do Dia internacional do Cigano, a 8 de Abril, entrou em discussão pública o Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação 2021-2025. São 15 páginas de texto, sem novidade, mas que expõem um Portugal dentro de uma Europa que julga e trata seres humanos, em colectivo ou individualmente, com menosprezo pela sua cor de pele. pela religião que professam ou pelos costumes próprios, mesmo quando neles não há incompatibilidades com o que se assume ser a civilidade, dentro da lei.
6.4.21
1, 2, 3, elas aí vêm outra vez: da vida da Cidade em quatro tempos (1)
De quatro em quatro anos chovem as críticas a inaugurações e outras iniciativas que se colam à aproximação das eleições autárquicas. A mim parece-me normal. As iniciativas, claro, já que as críticas são crónicas e, por estas alturas, se não se fizessem as ditas inaugurações, elas aí estariam a apontar que “nem na campanha eleitoral tivemos uma estrada nova para a aldeia ou uma rotunda amanhada”.
30.3.21
Da Camisola ao Cego do Maio
Eis senão quando, os que se alimentam do orgulho nacional vertido sobretudo em símbolos que representam o País, encontraram mais um que, quase de certezinha, 80% não reconheceria se o visse à venda numa loja ou banca de contrafacção. Talvez no Alentejo se conheça ao detalhe o design em camisolas poveiras, tanto quanto no Douro Litoral se saiba exactamente o que são safões. Mas adiante, que isto não é um concurso entre regiões, que pedem meças para estarem no topo de uma pirâmide de maravilhas, alimentando uma meia-dúzia de empreendedores que promovem o concurso, em troca de uma sede constante de outra meia-dúzia em ser o mais defensor do seu lugar.
23.3.21
Secretas, discretas, concretas
Numa semana em que o medo em várias das suas matizes, que vão do medo da morte ao da perda de popularidade, atrasou o eventual fim da situação pandémica, tivemos direito, para baralhar prioridades, a parangonas sobre assuntos que não interessam nem ao Menino Jesus. (E olhem que se há coração d’oiro, onde cabem todos e para quem todos interessam, diz-se que ainda é o do Menino Jesus.) Entretenimento em vez de informação, resumindo. Falo da proposta do PAN, actualizada agora com mais estardalhaço pelo PSD, em que, está bom de ver, o que se quer mesmo é saber quem faz parte da Maçonaria.