18.5.21

Contra a estupidez, calar, calar

Os festejos dos adeptos na semana passada vieram demonstrar, não apenas uma das definições do conceito de estupidez, mas também que quem decidiu proibir público nos estádios para prevenir contágios estava cheio de razão.
Estupidez pode definir-se, e cito um dicionário à mão, como “Falta de inteligência e de delicadeza de sentimentos”.

Toda a gente com dois dedos de testa, que vibra com futebol e torce e sofre por um clube, sabe bem que, perante o acontecimento futebolístico, a inteligência se tolda e a delicadeza dá lugar à explosão violenta e eufórica de sentimentos desenfreados. Imagine-se os que não costumam usar os dedos de testa que lhes sobram!... Ou que os usam só a pensar em si e no seu interesse: o seu clube, o seu partido, o seu grupelho.

Antes do fim da tarde de terça-feira passada não ouvi falar dos festejos tão previsíveis. Toda a gente caladinha, parecia que a não tentar antecipar polémicas não fosse alguém proibir o acontecimento: os que queriam festejar à grande, os que não queriam ser acusados de impedir festejos, os que não querendo festejar na terça-feira viram ali o precedente que lhes dava jeito. Dava jeito para o seu próprio acontecimento ou dava jeito a quem queria zurzir em qualquer adversário, à maneira tribal, fosse de clube ou de partido.

Resumindo: a final suada de campeonato de futebol em pandemia foi o momento em que se levantou e girou a pipeta da panela de pressão em que Portugal tem vivido apertado mas muito razoavelmente, de uma forma geral. Parece que lá para a Europa de cima tem havido festejos destes mais vezes e sem bola à mistura...

Todo o falatório que desse sopro de vapor resultou, à procura de culpados para além de quem não cumpriu as regras COVID19, não veio senão desculpar a estupidez: a de cada cidadão, a de cada sócio ou adepto, a de cada eleitor. Concluindo: acho que foi um bom evento teste a vários níveis. Aguardemos, ansiosamente, os movimentos do Rt e a actuação do maldito Corona.