10.10.23

Ditos e datas

Ignorar datas, como a desculpa esfarrapada de quem não gosta do Natal e diz que este é todos os dias ou quando um homem quiser, é desvalorizar essas datas. Mas falar com redobrada excitação sobre datas que nunca ou raramente se celebram, pode também ser uma boa manobra para empolar um falso espírito festivo. É fazer-se parecer mais empenhado do que realmente se é.

Moedas mostrou, de novo, a sua pequenez e desajeitada demagogia na desajustada forma de falar para uma sala que parece ter dificuldade em ler; seja a sala uma casa inundada com gente dentro a passar cuidados, ou os espectadores de um discurso institucional de comemoração da Implantação da República. Vi jeitos de o ouvir anunciar também que, doravante, para consolar os restos de monárquicos que por aí circulam, a Câmara Municipal de Lisboa passaria a comemorar oficialmente com arromba - baile no Picadeiro e ceia também para esses lados de Belém - o 1º de Dezembro. Mostrando ao mesmo tempo um novo PSD longe dos idos de 2011-2015. Ou longe do actual líder do seu Partido que, já agora, nem sequer esteve no adro da celebração de quinta-feira passada.

Armado em enfant terrível, foi com tom de ameaça (talvez desejasse equiparar-se a um pegador de toiros na posição de caras) que Moedas anunciou com pompa a “enoooorme” inclusão do 25 de Novembro nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Alguém ainda achará, no povo eleitor de Lisboa, até no que não ficou a dormir no domingo das últimas eleições autárquicas e foi lá votar nele, que este é um tema que deva preocupar e ocupar o Presidente da Câmara da sua cidade?

Parece-me que já se perdeu alguma esperança que a História ia mostrando, em que quando gente impreparada chega a certos cargos, acabe por ganhar alguma noção e cresça. Já são vários os tristes casos em que tal não se dá. E em várias casas. E é pena.