13.11.12

INCLUIR parte 2

Voltando ao verbo da crónica da semana passada, “incluir”, queria convosco pensar em formas para não afastar as pessoas daqueles que, para todos os efeitos, foram eleitos por essas mesmas pessoas para os representar. E não vou falar de governos, central ou locais, mas de situações aparentemente tão mais simples como uma associação ou uma instituição onde os corpos sociais são órgãos de representação dos associados na direção dos destinos das mesmas. Já fiz parte de várias, com maior ou menor empenho, também com maior e menor vontade, sendo que sempre me pareceu que o trabalho em grupo é essencial e que, consequentemente, também aí os membros de uma direção, conselho fiscal ou assembleia-geral devam sentir-se todos incluídos para que, verdadeiramente, se comportem como tal.

Parto do princípio de que há sempre um interesse pessoal na assunção de um cargo destes e que esse interesse é canalizado de forma a que tudo, repito tudo, na área de atuação daquela instituição ou associação possa correr o melhor possível. O interesse pessoal é assim posto ao serviço do interesse comum e não o contrário. Julgo que, quando o espírito é este, tudo será à partida muito mais fácil.

Depois julgo que há que potenciar os momentos de mobilização de associados, normalmente mais intensos quando são chamados a votar, para continuarem a participar ativamente no quotidiano das instituições. Não é, obviamente, estarem sempre “metidos” nos trabalhos da direção já que isto é uma duplicação desnecessária e às vezes promotora de uma entropia que não faz bem. Mas usando os seus direitos para responsavelmente opinarem e disponibilizarem-se no órgão que os escuta, normalmente a assembleia-geral, e muitas vezes, em casos pontuais, participando em comissões que se constituem com fins mais específicos.

A participação organizada dos cidadãos é, na minha opinião, a expressão máxima de uma cidadania matura. Causas diferentes que, como a forma helicoidal do ADN, se cruzam e tocam para que a vida em sociedade seja melhor, contribuindo até com a pluralidade de pontos de vistas e opiniões sobre uma mesma matéria para que todos se possam identificar com esse tipo de estruturas.

Acontece, infelizmente, é que até nas associações mais pequenas com áreas de atuação muito próprias e bem definidas, não só os eleitos se afastam dos eleitores, como os eleitores lhes fazem às vezes o jeito e se afastam também. Como contrariar esta humana tendência de ambas as partes? Esta é a pergunta para o milhão de euros, claro! Mas muito passará pela própria reorganização de direitos, deveres e responsabilidades de uns e outros, com o apelo constante à participação e assunção das consequências dos resultados dessa participação, pois se uma maioria contraria a vontade de uma direção ou de um presidente de uma direção ou foi porque desconheciam as intenções de quem se candidatou à direção, ou não havia alternativa a quem se propôs a ser direção, e aí, azar, tivessem-se proposto a votos. Ou então as condutas alteradas das direções correspondem a alterações de circunstâncias externas e, mais do que nunca, a participação de todos na procura da solução alternativa possível, às vezes não a desejável, se torna um imperativo. É que, como em tudo, são as pessoas que fazem os lugares que ocupam e não o contrário.