13.4.11

Abril, mês também dos livros (Rádio Diana 12.04.2011)

No calendário de Abril há dois dias a destacar no que diz respeito a livros. O 23, dia mundial do livro, e o 2 de Abril, dia internacional do livro infantil. Assinalar esses dias, para além de se celebrar os objectos, é promover o acto da leitura que faz sentido, a melhor das homenagens que se pode fazer aos textos e aos seus autores. Se bem que se trate de ler livros especificamente, o acto do verbo ler em geral nunca foi tão conjugado como agora, muito graças às novas tecnologias e suportes delas resultantes. Ler e escrever são a nova forma de comunicação e convívio de muitos dos nossos jovens que, à distância, se mantêm ligados numa convivialidade alternativa às actividades de ar livre, estas agora tão balizadas por razões de uma segurança que as características sociais dos novos tempos recomendam. Nunca antes se leu e escreveu tanto como nos dias de hoje, de forma tão disseminada e dessacralizada – é certo que às vezes demasiado profana, pelos pontapés na gramática que vão acontecendo.
Mas como disse, trata-se neste mês de lembrar a importância de ler livros. Esta importância que cumpre ser promovida por vários agentes dos quais fazem parte a escola, os municípios, as bibliotecas e as livrarias. Tratando-se estes últimos também de agentes económicos, as parcerias feitas entre, por exemplo, as autarquias e os livreiros serão sempre o de reverter para o bem-estar dos munícipes, o que acontece nas feiras dos livros, momentos visíveis dessas parcerias. Estou, aliás, profundamente convencida de que as duas missões dos livreiros – promover os livros e vendê-los – se encontra perfeitamente com essa missão cultural de promover a leitura. Tal como as relações entre bibliotecas não municipais, como as Públicas e as Escolares, e os municípios, com quem devem ter parcerias efectivas, são fundamentais neste desígnio.
Ler livros é um bem que deve promover-se, a par de uma modernização crescente dos novos suportes de leitura – que necessitam ainda de uma maior aceitação por parte de algumas instituições e profissões (como as Universidades, Escolas e Professores onde há ainda algumas resistências à utilização do computador e ligação à Internet, pelo menos em contexto de sala de aula) mas que julgo que com o tempo e a formação se concretizará. Ler livros é uma prática, um hábito, que não só permite uma outra ligação, quase afectiva com o texto escrito, como quase também de justiça histórica pelo que a sua democratização permitiu.
Julgo mesmo que a coexistência de livros e Ipads, ou outros suportes informáticos, é uma espécie de intergeracionalidade desejável que permite a passagem de geração em geração do gosto pela leitura. É neste sentido que estamos a preparar, com técnicos que trabalham quer na Biblioteca Pública quer na Câmara Municipal, nos sectores da Cultura e Educação, um chamemos-lhes upgrade de um belíssimo equipamento municipal – a Loja dos Sonhos – cuja equipa tem levado às Escolas do Concelho sonhos, precisamente, que se tornam por momentos realizados em histórias contadas e jogos interactivos, como aliás interactivas também acabam por ser as próprias histórias. Ora, esta mais-valia que acrescentaremos à Loja dos Sonhos – o de uma biblioteca que se tornará assim itinerante - vai permitir alargar a sua acção às populações rurais do Concelho, tornando ainda mais próximos dessas populações os livros, esses objectos que permitiram mudar gerações, mudando mentalidades, e levando nas suas linhas mensagens e mundos que fizeram mudar outros mundos, é certo que de forma menos imediata do que as recentes movimentações, revoluções mesmo, provocadas pelo Facebook.
É um trabalho demorado, e que deve ser bem ponderado porque se quer eficaz, que mereça estar à altura da missão que esta Loja dos Sonhos tem tido, sobretudo, junto dos jovens munícipes eborenses que, ao crescerem podem continuar a frequentá-lo enquanto leitores autónomos, em quem cresceu o gosto dos livros que a equipa da Loja dos Sonhos plantou.