Terminou mais
uma web summit e, também mais uma
vez, houve quem procurasse desmerecer o evento. Confesso que não percebo este
espírito de implicar com o que é, ou até mesmo que ainda só possa vir a ser,
bom para o país. Consigo entender por parte de indivíduos, em conversa de café,
embirrações geracionais com certas “modernices”. Até as que, elevando o tom ao
apocalíptico anúncio do Armagedeão, nas entrelinhas podem servir para arrefecer
exaltações precoces que, no lado oposto, endeusam certas figuras e veneram
outras tantas práticas, inquestionavelmente.
A web summit começou por ameaçar a paz dos
lisboetas, ao alvitrar-se que iria lançar a confusão na cidade. Estive por lá,
na cidade, desta vez, e só a notei com cuidados redobrados em informação
pública, o que até me beneficiou, a mim que não fui à festa. Quando da edição
em que se lançou o programa de voluntariado, conheci jovens que o aproveitaram
(sim, isso mesmo, aproveitaram) e estou em crer que lhes abriu horizontes
vários. Um dos quais precisamente a tal relativização sobre este mundo ser “do
outro mundo” e se reger pelas mesmas regras que todos temos vindo a construir,
há umas décadas, para irmos vivendo mais confortavelmente.
O voluntariado
não é uma solução óptima para a realização profissional de jovens, não senhor.
Nem me parece que o queira ser. Também não me parece que seja a solução
desejável para uma empresa que queira ter sucesso. A menos que a empresa,
instituição ou associação de índoles várias, dependa de pessoas que não se
empenhem por forma a obter dividendos directos do seu funcionamento, mas que só
indirectamente se sintam beneficiados e se predisponham a colaborar
pontualmente. Sem vínculos ou comprometimento mais sério, como um contrato de
trabalho deve ser. Um risco calculado, imagino. Confundir o voluntariado com
isto, em qualquer das perspectivas, e reclamar com a sua existência resistindo
ao seu sucesso é de quem ou não aprendeu nada com as novas gerações, ou de quem
acha que certas festas partidárias não são simultaneamente ócio e negócio, para
uns e/ou para outros. Era bom que tratassem estas questões sem tentarem
enfiar-nos olhos dentro falsos moralismos sociais.