5.2.19

A Caixa (dá música)


O assunto da Caixa Geral de Depósitos chegou à campanha eleitoral. Uma espécie de novo tom para hinos de campanha, de novo terreno a juntar-se aos mercados e feiras, onde pouco mais se diz aos potenciais eleitores do que qual o nome e os rostos dos Partidos. São sobretudo tournées, oportunidades de mais populares verem ao vivo, com direito a beijoca e selfie, aqueles que lhes entram em casa tacticamente todos os dias, a dizer quase sempre mais ou menos a mesma coisa - que já nem os ouvem!

Porque para quem lê, vê ou ouve, com atenção, como prática regular, debates e comentários, notícias que não queiram só vender o sangue pelo sangue - que é aquele que não se esvai de mim nem dos meus – para estes as novidades vindas a público são, em termos gerais e sem o detalhe da fotografia dos procurados e talvez quem sabe um dia condenados, novidades pouco novas.

Não quero obviamente dizer com isto que não se devia ter mexido no assunto da Caixa. Até já chega tarde!... e, espantem-se muitos exaltados, graças a um Governo do PS. Espero é que seja como uma vacina por que esperamos há muito e seja, como tal, profilática de práticas a perpetuarem-se. Bom mesmo era que se espalhasse a notícia com contornos ainda mais úteis à saúde da Democracia e que se fizesse perceber aos muitos frequentadores, quase residentes de feiras, mercados e programas da manhã, como, à escala, resultam os jeitinhos e favorzinhos que, em podendo, tantos milhares de pessoas gostariam de obter. Percebe-se que o façam porque não vivem bem, porque lhes faltam bens ou serviços essenciais, mais uns que outros, mas sem que pensem que enquanto for só por jeitinho ou favor, ao ser fora de um sistema que tenha que mudar, alguém ficará prejudicado. Se não for directamente, será porque nada mudou para melhor e que ajude o próximo, como diz o discurso religioso que alguns, que o proferem em modo ladainha, já nem entendem. Como se só soubessem entoar de ouvido...

Pois sobre o assunto da Caixa Geral de Depósitos só me lembrou a intervenção daquela senhora deputada do PSD, acusada de ter marcado a presença por outro, e que resolveu insultar, até quem só falou do assunto, de “virgens ofendidas”. Já estou a imaginar os mesmos que julgaram todos os deputados pelo mesmo padrão a acenarem ao ouvir as palavras na voz fina e frágil da senhora deputada. E, às tantas, sem se aperceberem do “coro que estava a bater-lhes”! É uma pena que a música se possa prestar a tantas metáforas que pouco tenham a ver com a Beleza. É como a ficção!