Tenho quase
tanta certeza da eternidade (o que quer que ela seja) da vida do planeta Terra,
como da indubitável limitação da vida biológica de um ser humano. Ou seja, quer
uma, a do Planeta e da Humanidade há-de ficar cá por muito tempo, quer a
outra, de um ser humano, tem os seus dias contados. Também estou em
crer que, melhor ou pior, sempre que cedemos ao instinto, às vezes ilusório, de
sobrevivência, nos habituamos às mudanças que nos acontecem. Ora, será por isso
natural que o nosso Planeta Azul, com todas as agressões e mossas a que tem
sido sujeito, vindas do resto do Cosmos ou da acção do Homem na sua evolução
civilizacional em busca de maior felicidade e facilidade; o nosso Planeta Terra
se vá também adaptando.
A quantidade
de fenómenos climatéricos extremos, como o que Portugal viveu bem preparado
neste fim-de-semana, não deixarão de ser consequência da agressão dos produtos
humanos sobre o equilíbrio da Natureza. Eles são uma espécie de retribuição no
acolhimento que a Terra passou a fazer aos seus habitantes. Mas a Ciência
também nos ensina que já houve no muito antigamente, naquele que era ainda mais
antigamente do que quando era mesmo bom, fenómenos e condições que tornavam a
vida humana ainda impossível. O objectivo será, portanto e no mínimo, não
regressarmos a esse Passado no Futuro, e a Terra voltar a ser um lugar inóspito
para os que são de cá.
Isto leva-me
também a reparar, a outro nível, na sobranceria de certos autóctones, de um
qualquer território que esteja sempre a afirmar a sua especial elevação, até
sob um certo manto tecido de orgulho, e em que tantas vezes o argumento da
identidade é só o último reduto da demagogia. São aqueles que se enchem com o
lugar a que pertencem por nele terem sido paridos – quer seja por
provincianismo, ou por xenofobia mesmo – e para com quem não consigo deixar de
sentir uma certa comiseração. Vislumbra-se-me um muito provável Futuro infeliz
de quem não se prepara para mudanças. Imagino-os num apocalíptico e triste
cenário de deserto: seco, vazio, enfeitado de ossadas, com gente agregada em
tribos que, cada vez menos numerosas, se digladiam pelo último naco de carne ou
pedaço de oásis. Não é uma visão bonita... nem inédita. É uma espécie de filme
de dimensões bíblicas.
Se calhar, ir
pensando nisto ajude não apenas a prepararmo-nos para um cenário planetário e
cósmico, como também a mudarmos a nossa postura territorial a vários níveis.
Talvez até nos torne mais felizes e facilite, para além da sobrevivência
enquanto espécie, a vida de todos os dias. Assim, não passaríamos por
“apanhados do clima”, mesmo com todas as partidas pregadas pelo mesmo, mas por
gente que cria um bom clima a partir de mudanças inesperadas, de novas
vizinhanças, de novos costumes. Vamos pensando nisto, abrindo fronteiras e
horizontes imateriais e simbólicos, e tratando com respeito as redondezas,
sejam elas as do vizinho ou a do nosso Mundo chamado Terra.