23.12.13

Noite de Natal é noite na mesma (crónica de véspera)

Porque hoje é dia da noite mais famosa no ocidente cristão, que as economias de mercado conseguiram, quais missionários de séculos passados, levar a outras culturas, vou falar-vos de noite e de amor. Não estava a pensar no entanto, com temas tão doces e ternos, e sem focar um caso atual em particular, deixar de “sair da caixa” e agitar aquelas e aqueles ouvintes e leitores que entre uma lasca de bacalhau e uma fatia de bolo-rei tenham a paciência de me ouvir ou ler.
Uma crónica curta que o dia é de cânticos e embrulhinhos, de SMS e postais nas redes sociais ou trocas de telefonemas que se prometem repetir para mais e melhor conversa, mas que afinal só voltam a acontecer, talvez mais duas vezes no ano, sempre por ocasião de mais outra data natalícia de aniversário, pois então.
Uma crónica curta, porque as palavras e o que de tão diferente se pode ler nelas quando bem alinhadas, geram por vezes grandes e intencionais equívocos que, às vezes também, não passam de simples e claras evidências. E é por isso que receber as palavras que se dão a ouvir ou a ler, nem que seja com a indignação ou o insulto, é sinal de um enorme respeito pela função de leitor que se assume com maior ou menor competência, legitimando assim o interesse do que é dito no que se escreve.
Ou seja, no jogo da leitura por mais palaciano que seja e sirva a uma animada noite de tertúlia entre amigos ou familiares, leitura que é de textos mas também de situações e do próprio mundo, o ato de ler é, por si só, o grau zero do respeito pelo texto e pelo autor. Tudo o que vem depois valoriza, para cima ou para baixo, não só o texto e o autor, novamente, mas os leitores que leem ou tresleem o texto. E é por isso que ler e escrever, no espaço público, é um presente que nos dão a nós autores nem que seja de crónicas semanais. Obrigada, pois então, que agradecer é bonito e fica bem.
E, pronto, aqui vos deixo a minha crónica, não sem vos deixar como prometi, e talvez como “entretém” para desembrulharem, as palavras sábias e bem alinhadas que Ovídio escreveu na «Arte de Amar» (eu disse que falava de amor!) e que cada um de vós lerá como entender: «De noite, os defeitos ocultam-se.»

Um feliz Natal e até para a semana.