Para os mais atentos às questões da
educação, é visível o inconformismo de pais e mães de crianças com necessidades
educativas especiais neste início de ano letivo. Ao que parece, a grande
maioria destes alunos começaram o ano sem professores de apoio ou técnicos
especializados para as terapias, criando-se um claro sentimento, nos
encarregados de educação, de uma ainda maior exclusão.
Évora pode orgulhar-se q.b. de
entre 2010 e 2013 ter permitido que estes alunos, que frequentavam o agrupamento
vocacionado para estes casos, pudessem como enriquecimento curricular
frequentar atividades proporcionadas por uma parceria entre a entidade
promotora das chamadas AEC’s, a Câmara Municipal, e as associações locais com
esta área de intervenção. Mas também as alterações introduzidas neste ano
letivo, inviabilizaram esta oferta formativa que tornava a escola pública como
um real local de inclusão a vários níveis.
Uma escola pública inclusiva não
trata todos por igual, mas oferece a cada aluno a possibilidade de, de facto,
atingir o objetivo primordial de quem vai à escola: aprender. Cada profissional
do ensino reconhece em cada aluno que lhe vai passando pelas salas de aula qual
o melhor caminho para o levar à concretização desse objetivo. E o que é certo é
que, para alguns, os caminhos a percorrer são especiais e por isso necessitam
de técnicas e acompanhamento também especiais. A diferença é isso mesmo. E a
diferença é um conceito perigoso.
Também é sabido que há ministros e
ministras, e governantes em geral, que no exercício da sua governação querem
deixar a sua marca e fazer ou ser diferente. Às vezes levam isso tão adiante
que acabam por deixar pior o que tanto criticavam. É verdade que não me lembro
de nenhuma proposta eleitoral do atual governo para esta questão em particular
do ensino especial. Mas lá que a diferença que este ministério está a fazer
está a ser bem conseguida, lá isso está.
Vou citar Vergílio Ferreira,
escritor e professor que passou e marcou Évora, e que falava assim da
diferença: «Não és um homem normal. Isso te é uma inferioridade (ou uma
superioridade?). Como em tudo o que é diferente. Cultiva a tua diferença. Mas
uma diferença pode ser negativa. Esse é o teu drama. Porque a tua diferença vai
além e fica aquém dos outros. Tu querias ser os outros no que lhes és inferior
e ser diferente no que lhes és superior. Mas toda a superioridade se paga. Paga
e não bufes.»