21.11.23

Escolher lados

 Enquanto simpatizante do Partido em cujos princípios me revejo, vou poder participar na eleição que decidirá qual o candidato do PS a PM do próximo Governo. É simpático: envolve-nos e compromete-nos, mas com os limites que respeitam as nossas próprias vontades em limitarmo-nos ao grau zero e basilar de participação numa associação de pessoas que se preparam para gerir um País. Os efeitos mais marcantes da militância, normalmente, implicam outro estilo de participação em que até acontece parecerem-se os militantes mais com antipatizantes; pelo menos é o que por vezes transparece para quem está de fora, mas atenta, a ouvir rádio ou ver televisão. Faz tudo parte de um padrão de comportamentos dos seres sociais que somos, mas, no caso, de que não tenho por livre vontade de fazer parte.

Não é fácil escolher lados, quando se partilha um chão comum com as duas pessoas adversárias que nele se movem e dele cuidam. Há que ler os respectivos programas com muita atenção e a partir deles, mais do que dizem os que em funções de militante, sejam claques ou senadores, avançam a argumentar vantagens e problemas de um ou outro, optar; é a partir dos programas e da actuação dos candidatos que me empenharei a accionar os princípios muito meus que pesarão na escolha. Felizmente, posso sentir-me à vontade com qualquer das decisões que o Partido tomar, o que também me descansa por ser o Partido que é o meu que, por um ou outro, não deixará cair as conquistas destes últimos oito anos.

São princípios que equacionam as exigências das experiências passadas, princípios que comparam reacções perante os homólogos dos concorrentes às legislativas, e princípios que percepcionem as capacidades que cada um terá quer em não deixar perder-se a memória de passados irrepetíveis, quer em atrair as novas gerações, as que ainda irão a tempo de despolarizar, para a participação no exercício de direitos e deveres conquistados com a Democracia.

Apesar destas ponderações, que dão o seu trabalho aos neurónios e agitam algumas sinapses, nada se compara com o aperto no coração e a revolta nas entranhas que cada vez mais me torna insuportável ouvir ou vislumbrar qualquer representante do governo israelita. Não há dúvidas, nesta altura, sobre que lado escolher. É que neles só se veem os algozes dos milhares de palestinianos mortos e encarcerados, com números que não páram de aumentar. Eles que arrastarão consigo a terra prometida do povo judeu que não merecia esta mancha na sua longa e triste história.