19.1.21

De regresso, nem de caras, nem de cruz

 Como previsto, lá regressámos ao confinamento por decreto. Como num conflito com várias partes envolvidas, escusado será andar à cata de um só culpado. Como num assunto sobre o qual não temos toda a informação existente ao nosso dispor, escusado será aventar alternativas a quem a tem mais completa. Como numa evidência sem necessidade de explicações, escusado será imaginar sequer que, na tomada de qualquer opção com danos colaterais a prejudicar também quem tem de optar, o que houve foi só mesmo intenção de prejudicar.


Resta-nos, por isso, cumprir para que o prejuízo acabe mais depressa. Não parece difícil de entender e, no entanto, parece despertar em muitos a absoluta certeza de que fariam muito melhor. Desconfiança todos teremos, a partir do momento em que prestamos atenção aos comportamentos que nós, e por isso também os outros, tantas vezes, até inconscientemente, arriscamos, e não vale a pena tapar o sol com a peneira. Do excesso de velocidade, ao atravessar fora da passadeira, quem nunca tiver pisado o risco é porque nunca saiu de casa.

E já que é para sair de casa, que valha a pena. Tenho para mim que votar é uma das boas razões para o fazer. Ao direito conquistado por sociedades progressistas gosto de corresponder com o dever de um acto cívico. Não devendo apelar ao voto em nenhuma das pessoas que se auto-propuseram para serem presidentes da nossa República, levando com elas uns quantos milhares de assinaturas apoiando-as, apenas me resta uma confissão. Estas são as eleições presidenciais em que mais dificuldades tive em decidir o meu voto. Mas já o fiz, antecipadamente, não fosse o diabo Corona tecê-las nestes dias, e aguardo ansiosamente o serão de dia 24.

A decisão foi, pelas várias dúvidas, matemática. Nem de caras, porque nenhuma dessas pessoas representará tudo o que gostaria de ver no mais alto cargo da Nação. Nem de cruz, porque prezo demasiado o voto para o desperdiçar. No serão de dia 24 logo saberei se as contas me saíram certas.