6.10.20

Rentrée académica

Mais do que em qualquer outro ano, a chegada dos caloiros à vida académica está a ser uma novidade. Partilham, de resto, com os professores e os estudantes dos outros anos, essa mesma condição. Talvez num zelo democrático nunca antes visto, em Évora todos começámos o ano com a mesma informação sobre como iria decorrer o primeiro semestre.

À complexidade da organização de um ano lectivo numa instituição,
veio juntar-se a complexidade de gerir a pandemia. Mas a experiência do semestre passado, quando se teve de assegurar as aulas em confinamento, funcionou como ensaio. Avaliada a experiência, ouvidos os intervenientes, tomadas todas as medidas possíveis, estamos preparados para que o efeito da pandemia não seja o pandemónio. Até pudemos testar que não haverá mal em equacionar que algumas disciplinas, ou cadeiras que é como se chama intimamente às unidades curriculares na universidade, possam passar de um sistema presencial, para um sistema semi-presencial (o chamado b-learning) ou mesmo online.

Com a primeira lição aprendida, lançámo-nos a todos os esforços para que fosse possível a cada docente e cada estudante ter um computador com câmara e boa rede. E com isto, finalmente, também poder haver, sem desculpas, assiduidade.
É bom perceber-se que não se perdeu uma oportunidade de se fazer uma transição inteligente para o “novo normal”, o que virá depois da pandemia. Aliás, o b-learning, os cursos on-line, ou a utilização das novas tecnologias na agilização da comunicação entre pares, no ganho de tempo e recursos que oferecem, já não eram novidade em nenhuma instituição de ensino superior. E, na minha opinião com conhecimento de causa, nenhuma destas práticas afastará, no futuro, as relações de proximidade entre os docentes e os estudantes, nem porá em causa a eficácia da transmissão do conhecimento. Ficarão guardados, esses contactos “ao vivo e em directo” mais pontuais, para os primeiros laços, para as emergências, para as comemorações, para as despedidas.

É, pois, com tudo isto, e mais a alegria de se borrifar a passagem do arco triunfal para o novo mundo académico, que se dão as boas-vindas aos estudantes e docentes neste surpreendente ano lectivo em Évora.

Ora bolas, que o borrifo fez-me perceber que nesta crónica lá me fugiu o dedo para a ficção!... Mas estarei sempre disponível para contribuir no sentido de também esta, e não só a malfadada em que parece estarmos a viver, ficção se tornar realidade.