3.3.20

Global para o bem e para o mal


A História ensina-nos que as epidemias são uma realidade. A Ciência ensina-nos que os avanços que se fazem no combate às epidemias são benefícios para a Humanidade. A Arte, na qual incluo o lado da ficção também da Literatura, proporciona-nos um ambiente laboratorial onde ensaiamos em cenários apocalípticos, apenas imaginados, reacções que nos podem fazer pensar no que faríamos se fosse verdade. E a Política existe, também, para que a História, a Ciência e a Arte revertam a favor de todos. Falo da Política em Democracia, não de quem, disfarçado de Político, usa a Democracia para fazer precisamente o contrário, como foi e é o caso das figuras que transformam a Democracia numa palhaçada ou, pior ainda, em regimes ditatoriais.
Para já é “só” mais um vírus da gripe que vem demonstrar como todos estão a lidar mal com a globalização quando a doença ameaça chegar, e sofrimento e morte espreitam logo ali. Imagine-se que era algo como o Ébola! Seria um autêntico filme de terror, porque poucos ou nenhuns infectados sobreviveriam. E estaríamos, como se calhar até estamos, todos impreparados para vencer essa guerra. Só se se suspendessem todos os meios que nos permitem estarmos fisicamente próximos uns dos outros. E que todos os nossos luxos, ou só mesmo confortos, mas sobretudo as necessidades básicas que dependessem dessa proximidade, fossem suspensos. Para não falar já das questões económico-financeiras que não nos matariam rapidamente, mas nos obrigariam a uma mudança enorme de comportamentos e modos de vida.
Se nos parece bom, a mim parece, o mundo ter encolhido e ter-se tornado numa aldeia global, o que permite todos termos melhor acesso ao que produzem a História, a Ciência e a Arte, a aldeia global para lá da janela que é o ecrã da TV e do computador, há que estar preparado para que, volta e meia, seja preciso regressarmos à aldeia do passado. Será como regressar “à terra” ou passar as férias com os avós. E talvez percebamos, en passant, quando o pânico se instalar, o que é não ter para onde ir porque nos fecham a porta. Sim, estou a falar dos refugiados.
A História, a Ciência e a Arte continuarão a ser preciosos domínios para ajudar a Política. Que os seus actores, os Políticos no governo ou na oposição, os escutem, os incluam nas suas equipas e exerçam, assim, a sua função de organizar a sociedade de forma a evitarem-se estes pânicos. E se até muitos poderão já estar a fazê-lo, aos ecrãs da TV e do computador ainda falta muito para perceberem e agirem nesse caminho benevolente anti-pânico. Nos “media”, como no “meio” do provérbio, é que continua a ter de se tratar da virtude social. E há muito para tratar.