E lá fomos a votos, no primeiro acto de uma peça que
conta nesta edição com mais dois (sim que a Madeira, apesar de ilha e pérola,
não vive dentro de uma ostra e paga impostos e recebe financiamentos com
impacto nacional). Depois do final do campeonato e da final da taça do desporto
e do negócio mais idolatrados pelo povo português, o apelo para a governação da
Europa voltou a não soar a cerca de 70% de portugueses.
É certo que não estamos sós, apesar de termos
sido dos mais displicentes no uso da única arma de defesa que a Democracia
distribui a todos os maiores de 18 anos indiscriminadamente, sem impedâncias de
que tantas vezes ouvimos tantos queixarem-se: que é só para os amigos, que é só
para os ricos, que os gordos não podem, que os brancos são ameaçados, que os
negros são barrados, que os gays são ignorados, e por aí fora. Mas a desgraça
dos outros não me consola. Nem a desgraça, nem a indiferença, nem a pobreza,
nem a estupidez, já agora. Às vezes a única coisa que por desvairados mas
concentrados e breves momentos me parece descansar é que essa percentagem de
eleitores baldas não se dê nem sequer ao trabalho de ler, ou até só ouvir, as
campanhas eleitorais onde se publicam e empunham as atrocidades que a coligação
Basta! empenhadamente vomitou. Talvez o jejum eleitoral do povo e o resultado
que esta camarilha obteve com os votos dos que aproveitaram a democracia para
dizer que queriam acabar com ela, alerte certas elites de vários círculos que,
normalmente por egoísmo, os ajude a enfardar até ao próximo acto eleitoral em
que voltem a regurgitar mais do mesmo.
Mais do que contente com o resultado continuo
insatisfeita. O resultado nacional não se pode festejar sem ser no contexto do conjunto
dos restantes Estados-Membro. E só com o desenrolar da acção desta nova
composição veremos se um certo optimismo e uma pálida esperança na Europa se
mantém. Recomecemos, portanto, ainda e mais outra vez.