12.12.17

Paz à força e outros Golems

Jerusalém recebe em 2017 mais uma incursão de Cruzadas, desta feita não lideradas por um Godofredo mas por um Donald. As Cruzadas, relembro, foram os movimentos militares de inspiração cristã que partiram da Europa Ocidental em direcção à cidade de Jerusalém com  intenção de conquistá-la, ocupá-la e mantê-la no domínio cristão. Foram e são, já que o 45 da Casa Branca, na sua cada vez mais evidente incompetência para exercer o cargo que ocupa, não conseguindo (felizmente!) cumprir muitas das suas promessas eleitorais, voltou-se para solução sempre mais fácil de “olhar para  o Céu com muita Fé e pouca luta”, expressão de autor que uso recorrentemente. E a quem prometeu esta Cruzada toma agora uma medida, aparentemente saída “out of the blue” que satisfaz uma minoria, ainda assim importante, na sua eleição para o exercício efectivo das suas incompetências. Encontrou o seu nicho de mercado, linguagem que ele conhece de ginjeira, para mostrar ao resto do mundo que os Estados Unidos mudaram a capital de Israel para Jerusalém. E se o fez é porque o pôde fazer, coisas vistas quer na Política quer na politiquice, que se passam quer lá fora quer em qualquer município português onde a oposição é só de verbo. Agora o resto do mundo que se desenvencilhe a lidar com as ondas de choque que este gesto de Donald pode e vai causar.

Adivinha-se, neste advento que tantos dos crentes de Donald festejam meticulosamente, sangue. Não o mesmo que nunca deixou de correr naquela zona de tensão do planeta, mas mais sangue. E isto, está bom de ver, parece contrariar todas as mensagens messiânicas sejam elas de que confissão forem, históricas e fundamentadas em “termos de entendimento” pregados um pouco por todo o lado. A paz na Terra é o desejo para todos os Homens de boa vontade, independentemente de quem a pregou e prega em cada dia ou hora santa. Até do lado institucional político, onde a religião não é único factor condicionante, o conflito promotor de sangue é o recurso que assume a derrota da conquista civilizacional da Humanidade. E não sendo esta, ainda, uma Cruzada feita de movimentos militares, com armas em punho portanto, utiliza a instituição diplomática para uma ofensiva que, em meu entender, a ofende perigosamente. Espero que o mundo da diplomacia se revele suficientemente forte para se aperceber o quão de Tróia é este cavalo...


Entretanto, enquanto isto, lá para os lados das Coreias, zona onde as tensões não são também de ignorar ou menosprezar e as religiões de outros “ismos” também não perdem para fazer demonstrações de ideologias populistas de quem também por cá vamos tendo sucursais, lá se vai classificando como de muito, mas mesmo muito, interesse para a Humanidade a pizza e alguns bonecos de barro. Certamente os que têm, se calhar, acesso privilegiado aos centros de decisão ou também encontraram aqui, à falta de melhor novidade em promover o bem-estar dos Cidadãos, o nicho de mercado para se autopromoverem. Estou algo curiosa para assistir ao que implicará tal decisão lá para os lados das Caldas.