Jerusalém
recebe em 2017 mais uma incursão de Cruzadas, desta feita não lideradas por um
Godofredo mas por um Donald. As Cruzadas, relembro, foram os movimentos
militares de inspiração cristã que partiram da Europa Ocidental em direcção à cidade
de Jerusalém com intenção de
conquistá-la, ocupá-la e mantê-la no domínio cristão. Foram e são, já que o 45
da Casa Branca, na sua cada vez mais evidente incompetência para exercer o
cargo que ocupa, não conseguindo (felizmente!) cumprir muitas das suas
promessas eleitorais, voltou-se para solução sempre mais fácil de “olhar
para o Céu com muita Fé e pouca luta”,
expressão de autor que uso recorrentemente. E a quem prometeu esta Cruzada toma
agora uma medida, aparentemente saída “out of the blue” que satisfaz uma
minoria, ainda assim importante, na sua eleição para o exercício efectivo das
suas incompetências. Encontrou o seu nicho de mercado, linguagem que ele
conhece de ginjeira, para mostrar ao resto do mundo que os Estados Unidos
mudaram a capital de Israel para Jerusalém. E se o fez é porque o pôde fazer,
coisas vistas quer na Política quer na politiquice, que se passam quer lá fora
quer em qualquer município português onde a oposição é só de verbo. Agora o
resto do mundo que se desenvencilhe a lidar com as ondas de choque que este
gesto de Donald pode e vai causar.
Adivinha-se,
neste advento que tantos dos crentes de Donald festejam meticulosamente,
sangue. Não o mesmo que nunca deixou de correr naquela zona de tensão do planeta,
mas mais sangue. E isto, está bom de ver, parece contrariar todas as mensagens
messiânicas sejam elas de que confissão forem, históricas e fundamentadas em “termos
de entendimento” pregados um pouco por todo o lado. A paz na Terra é o desejo
para todos os Homens de boa vontade, independentemente de quem a pregou e prega
em cada dia ou hora santa. Até do lado institucional político, onde a religião
não é único factor condicionante, o conflito promotor de sangue é o recurso que
assume a derrota da conquista civilizacional da Humanidade. E não sendo esta,
ainda, uma Cruzada feita de movimentos militares, com armas em punho portanto,
utiliza a instituição diplomática para uma ofensiva que, em meu entender, a
ofende perigosamente. Espero que o mundo da diplomacia se revele
suficientemente forte para se aperceber o quão de Tróia é este cavalo...
Entretanto,
enquanto isto, lá para os lados das Coreias, zona onde as tensões não são
também de ignorar ou menosprezar e as religiões de outros “ismos” também não
perdem para fazer demonstrações de ideologias populistas de quem também por cá
vamos tendo sucursais, lá se vai classificando como de muito, mas mesmo muito,
interesse para a Humanidade a pizza e alguns bonecos de barro. Certamente os
que têm, se calhar, acesso privilegiado aos centros de decisão ou também
encontraram aqui, à falta de melhor novidade em promover o bem-estar dos
Cidadãos, o nicho de mercado para se autopromoverem. Estou algo curiosa para
assistir ao que implicará tal decisão lá para os lados das Caldas.