Timeline é uma palavra em inglês que significa,
à letra, “linha do tempo”. É um termo muito conhecido entre aqueles que usam as
redes sociais na Internet, como o Facebook, a que melhor conheço, mas também o Twitter
ou o Instagram e até o Blog. No fundo, trata-se de uma ordem pela qual as
publicações, ou seja aquilo que escrevemos ali, é organizado por nós numa
cronologia, mas também pelo sistema informático que as vai “puxando” para a
“feed de notícias” ou página inicial, ajudando o internauta a fazer-se ouvir
pelos outros membros da sua rede. É como se, das nossas conversas ao vivo e a
cores entre conhecidos, colegas, amigos ou até pessoas com quem nos cruzamos
fugazmente na vida do dia-a-dia, e desde o assunto mais íntimo ao mais público
e até político, ficasse o registo para esse outro tempo de que estamos mais
incertos do que o passado e que chamamos posteridade. Tudo feito por nós e
pelos nossos interlocutores, ou selecionado pelo sistema informático, essa
inteligência artificial, com critérios precisos mas nem sempre óbvios para
muitos dos utilizadores. O critério da popularidade, mensurável pela quantidade
de gente que acede e interage com o que publicamos, é que vai dar maior ou
menor importância ao que se publica.
A timeline
aparece então como equivalente, num jornal em papel, à primeira página. Sendo a
maioria desses lugares na rede gerida por gente comum, também uma grande parte
não tem consciência de que, em muitos casos, está a comunicar para as massas. Mesmo
assim, utilizamo-los para partilhar as informações que seleccionamos com o
nosso próprio filtro que diz tanto de nós, para partilhar as experiências
pessoais que possam interessar a outros ou as notícias que pretendemos
destacar. E às vezes nem pensamos que, ao destacar uma notícia ou uma opinião,
mesmo que seja para a combater, estamos já a dar palco, e consequente
visibilidade, à mensagem ou ao seu emissor.
Há também muitos internautas que utilizam o timeline virtual como diário em formato “online” e, tal como
acontece no meio editorial dos livros, são uns de pior ou melhor qualidade
diarística que outros, sem uma filtragem que tantas vezes é apenas feita pelos
pares, tão utilizadores como nós da mesma rede, e não de um qualquer editor que
se coloque na posição arbitral.
Suponho que nem todos terão consciência da perenidade deste
suporte que é tão duradouro como é qualquer acto de escrita desde o momento
inicial da história da Humanidade. Essa domesticação do que parece tantas vezes
um dito ou um pensamento à solta e se fixa para ser lido noutro momento e
noutro lugar, ainda que graças ao timeline
possamos de certa forma reenquadrar na circunstância própria em que foi
registado. Tal como nem sempre se faz o exercício de verificar a credibilidade
de certas fontes, o relacionamento entre assuntos afins, o que a boa da
inteligência artificial até nos facilita quando abrimos a sala de convívio
virtual, ágora do século XXI. Como aprendemos, com a educação e a experiência,
da maneira mais violenta ou mais agradável, a gerir o nosso tempo para gerirmos
melhor a nossa vida, assim podemos aprender a usar como nos fizer mais felizes
ou considerarmos mais útil as timelines que
frequentamos. Mesmo que às vezes pareça só conversa.