2.12.14

Rankings ou listas

Os rankings parecem-me um instrumento de autoavaliação muito útil. E é sobretudo porque me são, no espírito de letra que também se lhes atribui, tão importantes como no desporto individual de competição o esforço que os atletas, mais do que ganhar a este ou aquele, põem no empenho e trabalho em bater as suas próprias marcas, ou marcas estabelecidas nacional ou internacionalmente. Uma luta consigo próprios no caminho do aperfeiçoamento. E é esse caminho, em princípio e como aludia o poeta, que importa fazermos com passo certo, seguro e dinâmico. Se o objetivo final é uma meta quase utópica que temos sempre diante dos olhos, o “finzinho mesmo” já todos nós sabemos qual é, humana e naturalmente inevitável, pelo que há que aproveitar o caminho até lá. Depois há, claro, a memória, a dos outros que recebem o testemunho e o passam ao estafeta seguinte…
Vem esta conversa a propósito de classificações, de listas, de galardões e de como pode ser ambígua a relação das pessoas que neles se veem envolvidas. Tudo relacionado com o ranking, substantivo masculino inglês, sinónimo de hierarquia, definido nos dicionários como uma lista ordenada segundo determinados parâmetros. São vários os contextos em que utilizamos a palavra ranking, o que facilita esta ambiguidade, e permite a desculpa ou, vá lá, a justificação do “isso não é a mesma coisa!”.
Conforme o contexto entende-se ranking, por exemplo: como uma simples classificação, e aproveito para dar os parabéns ao Cante que foi classificado e entrou numa lista de expressões imateriais que são património da Humanidade; como uma classificação ordenada, como é o caso do ranking das escolas que, como qualquer outro, tem de ser avaliado a partir da análise de todos os parâmetros que as classificam, mas que ainda assim permitem que escolas em condições semelhantes se possam comparar e fazer um esforço, até conjunto, para melhorarem no que lhes é possível, e não tanto desejável, como todos quereríamos, para se chegar ao “topo do ranking” mesmo sabendo que na competição entram concorrentes de escalões, pesos, idades diferentes na hora do tiro de partida; entende-se o ranking também como uma listagem, de pessoas ou instituições, que se posicionam, de acordo com determinados critérios que estabelecem assim uma classificação de quem se submete, queira ou não queira, a uma avaliação, e aqui aproveito para mostrar a minha satisfação não apenas em que a CMÉvora se tenha mantido como a melhor autarquia alentejana no ranking da transparência, como tenha até subido ao sexto lugar a nível nacional. Pena é que quando a autarquia eborense concorreu a outros rankings, de forma voluntária, transparente, com empenho dos seus quadros técnicos e operacionais, e ou foi aceite e reconhecida, ou ficou já em lugares cimeiros, ou ainda no topo do ranking das que o quiseram e foram convidadas a concorrer, houve quem manifestasse o seu desinteresse ou até mesmo, sem eufemismos, o seu repúdio por tal classificação.
Não me venham é querer meter não sei o quê pelos olhos dentro e contradizer que quando se opta não participar não é por uma opção política, sim política, de não se investir em determinadas áreas. E deixar transparecer que, afinal, é porque se desmerece não apenas quem, com uma seriedade que de forma comprovada não poderemos pôr em causa, estabelece critérios, mas sobretudo subestimando todas as congéneres que assim se submetem aos rankings num esforço de que o seu trabalho interno melhore, sempre. Nunca entendi que um galardão, fosse ele o das autarquias familiarmente responsáveis ou eco XXI fosse um truque de propaganda, e que fosse apenas ganho pelas chefias ou pelos eleitos de uma Câmara Municipal, mas sim por todos quantos no seu dia-a-dia profissional se empenham em contribuir para o bem-estar comum. Isso é dar valor ao trabalho, ao esforço de cada trabalhador num coletivo. Neste caso parece que se aplica o princípio de que cada um julga os outros à medida do que vê em si.