Os rankings parecem-me um instrumento de autoavaliação muito
útil. E é sobretudo porque me são, no espírito de letra que também se lhes
atribui, tão importantes como no desporto individual de competição o esforço
que os atletas, mais do que ganhar a este ou aquele, põem no empenho e trabalho
em bater as suas próprias marcas, ou marcas estabelecidas nacional ou
internacionalmente. Uma luta consigo próprios no caminho do aperfeiçoamento. E
é esse caminho, em princípio e como aludia o poeta, que importa fazermos com
passo certo, seguro e dinâmico. Se o objetivo final é uma meta quase utópica
que temos sempre diante dos olhos, o “finzinho mesmo” já todos nós sabemos qual
é, humana e naturalmente inevitável, pelo que há que aproveitar o caminho até
lá. Depois há, claro, a memória, a dos outros que recebem o testemunho e o
passam ao estafeta seguinte…
Vem esta conversa a propósito de classificações, de listas,
de galardões e de como pode ser ambígua a relação das pessoas que neles se veem
envolvidas. Tudo relacionado com o ranking, substantivo masculino inglês,
sinónimo de hierarquia, definido nos dicionários como uma lista ordenada
segundo determinados parâmetros. São vários os contextos em que utilizamos a
palavra ranking, o que facilita esta ambiguidade, e permite a desculpa ou, vá
lá, a justificação do “isso não é a mesma coisa!”.
Conforme o contexto entende-se ranking, por exemplo: como uma
simples classificação, e aproveito para dar os parabéns ao Cante que foi
classificado e entrou numa lista de expressões imateriais que são património da
Humanidade; como uma classificação ordenada, como é o caso do ranking das escolas
que, como qualquer outro, tem de ser avaliado a partir da análise de todos os
parâmetros que as classificam, mas que ainda assim permitem que escolas em
condições semelhantes se possam comparar e fazer um esforço, até conjunto, para
melhorarem no que lhes é possível, e não tanto desejável, como todos
quereríamos, para se chegar ao “topo do ranking” mesmo sabendo que na
competição entram concorrentes de escalões, pesos, idades diferentes na hora do
tiro de partida; entende-se o ranking também como uma listagem, de pessoas ou
instituições, que se posicionam, de acordo com determinados critérios que
estabelecem assim uma classificação de quem se submete, queira ou não queira, a
uma avaliação, e aqui aproveito para mostrar a minha satisfação não apenas em
que a CMÉvora se tenha mantido como a melhor autarquia alentejana no ranking da
transparência, como tenha até subido ao sexto lugar a nível nacional. Pena é
que quando a autarquia eborense concorreu a outros rankings, de forma
voluntária, transparente, com empenho dos seus quadros técnicos e operacionais,
e ou foi aceite e reconhecida, ou ficou já em lugares cimeiros, ou ainda no
topo do ranking das que o quiseram e foram convidadas a concorrer, houve quem
manifestasse o seu desinteresse ou até mesmo, sem eufemismos, o seu repúdio por
tal classificação.
Não me venham é querer
meter não sei o quê pelos olhos dentro e contradizer que quando se opta não
participar não é por uma opção política, sim política, de não se investir em
determinadas áreas. E deixar transparecer que, afinal, é porque se desmerece
não apenas quem, com uma seriedade que de forma comprovada não poderemos pôr em
causa, estabelece critérios, mas sobretudo subestimando todas as congéneres que
assim se submetem aos rankings num esforço de que o seu trabalho interno
melhore, sempre. Nunca entendi que um galardão, fosse ele o das autarquias
familiarmente responsáveis ou eco XXI fosse um truque de propaganda, e que
fosse apenas ganho pelas chefias ou pelos eleitos de uma Câmara Municipal, mas
sim por todos quantos no seu dia-a-dia profissional se empenham em contribuir
para o bem-estar comum. Isso é dar valor ao trabalho, ao esforço de cada
trabalhador num coletivo. Neste caso parece que se aplica o princípio de que
cada um julga os outros à medida do que vê em si.