Eis-nos de volta para mais uma
temporada da série de crónicas da Diana que agradeço desde já: à Diana FM, pela
renovação do convite, e aos ouvintes pela gentileza de me continuarem a ouvir. Esta
nova temporada trará normalmente para dar o tom, como fiz anteriormente com
verbos, provérbios e citações, um estrangeirismo na e da nossa língua
portuguesa. É verdade que muitos deles já foram domesticados, isto é,
aportuguesados. E os mas recentes ainda não constam, maioritariamente, nos dicionários
oficiais. Mas como sou de uma geração que se habituou a ver o resto do mundo
tão perto de casa, parece-me que estas “contaminações” longe de serem um ataque
à língua portuguesa são, precisamente, sinal e ao mesmo tempo instrumento para
que as palavras, as realidades e as ações se aproximem mais umas das outras,
que a linguagem se familiarize com as novas e por vezes estranhas realidades. E
para começar cá vai o primeiro nesta crónica que intitulei “silly season forever!”.
Por mais apatetada que a época de
veraneio tenha fama de ser em termos de comunicação e interação social,
parece-me que ela faz mais falta assim mesmo do que poderia julgar-se. É que se
não é silly no momento próprio
arrisca-se a, pelo menos, parecer igual ao resto do ano e que esse resto-do-ano
se torne tão silly como a season que devia ter sido. E a verdade
é que esta deste ano o foi muito pouco… Um balde de água fria… que, afinal e
literalmente, até teve e tem por trás assuntos muito sérios. Nada temos contra os
temas sérios permanecerem assim durante o período balnear, de preferência
aqueles que não implicam decisões que nos apanham a banhos e nos tramem a vida.
Mas este foi um Verão de guerras sangrentas, um tempo de mortes prematuras, uma
época de novos descréditos no sistema económico-financeiro, mas também
partidário (se é que ainda era possível mais!). Um quase convite à revolta ou à
desistência, sendo qualquer um dos caminhos, extremos, perigosos por várias e
demoradas razões. Quase desejámos que a rotina dos dias de escola e trabalho
regressassem rapidamente e em força, a ver se as coisas acalmavam!
E em Évora? Em Évora a água correu
mais um ano nos canos, o que nem sempre acontecia nas silly seasons de há uma década atrás. E as festas, os palcos e as
artes continuaram a percorrer, à sua maneira, as aldeias e as praças da cidade,
colhendo-se nesta época um trabalho que se plantou, regou e fez crescer em anos
anteriores. É que estas coisas de valor demoram o seu tempo a crescer, por mais
que se tente querer fazer parecer que são “cenas” instantâneas. Não é do pé
para a mão que se fazem, pese embora por vezes não seja preciso muito para que
aparentemente se desfaçam ou fiquem lá perto. Apenas alguma gente, não muita,
com algum interesse nisso.
Até para a semana.