18.6.13

PROMETER I

Sendo esta uma rádio local e estando já marcadas as eleições autárquicas para o mês de setembro, quer-me parecer que esta será a última série de crónicas em torno de um verbo, que vos leio e dou a ler, até à rentrée pós-eleições. Sem prometer que não me ouvirão, entretanto, por alguma razão mais ou menos programada, «prometer» pareceu-me um verbo adequado a esta saison em particular.

Confesso que o uso em contexto do verbo “prometer” de que mais gosto é aquela expressão idiomática que fica a meio-caminho entre a incredibilidade e a expetativa e que diz assim: «Isto promete!» E não, ainda não vou falar das autárquicas. Vou falar-vos da recente mudança das instalações dos serviços do Centro Distrital de Segurança Social para o edifício da Direção Geral dos Estabelecimentos de Ensino, ali à Horta do Malhão, aqui em Évora. (Atenção, caros e caras munícipes eborenses, que o atendimento ao público não se mudou!). Não vou falar, avaliar ou julgar o trabalho de uma nem de outra entidade, nem dizer que estes dois ministérios não pudessem, porque se calhar até devem, articular muito em várias áreas. E, já agora, até ali com a Saúde que tem edifício próximo. Mas tão somente vos falo do que em mim causou a notícia desta mudança.

Foi quase como se aquele anúncio tivesse feito soar, no domínio do simbólico, as campainhas de alarme para o que acontece quando se desinveste na educação. Também não vou comparar a eficiência dos corpos técnicos destes serviços, que emagrecendo uns e parecendo outros ganhar mais volume, poderão vir a demonstrar uma eficácia a que dou ainda o benefício da dúvida. Tenho sido paciente… Aliás, não é obrigatório que mais gente a trabalhar produza mais, ou melhor, apesar da lógica matemática.

Esta partilha de espaço fez-me, no entanto, antever o pior. Sem querer ser arauto da desgraça, profeta do apocalipse ou até só pessimista, “isto a mim promete-me” que, se desinvestirmos na educação, maiores serão as necessidades de apoio social no futuro. Daí que me tenha parecido que estes ministérios se estejam a ajeitar para servir contra a vaga ou epidemia de desempregados, desvalidos, gente que precise de apoio para ter condições mínimas para que aquilo por que passam neste mundo seja a Vida, e não apenas sobrevivência.

Não pude, obviamente, deixar de me lembrar de expressões em que os termos “escola” e “prisão” aparecem, e cuja fórmula mais simples que conheço, diz que é de Victor Hugo, atira assim certeira «Quem abre uma escola fecha uma prisão.» Eu cá, que só podia acreditar na Educação como a base para o crescimento civilizacional, ou não fosse adepta e praticante do movimento internacional das Cidades Educadoras, acho que é mesmo precisa uma aldeia inteira para educar uma criança.