Esse meu sonho juvenil de ser cosmopolita afinal, nestas minhas novas funções, veio a concretizar-se...eu cá pelo menos acho. Agarrar algumas das rédeas do governo da cidade permitiu-me exercitar essa abertura de espírito de quem se deseje cosmopolita e encarar com relatividade (e não com inerte e excluidor relativismo) o universo de populações com histórias, culturas e hábitos próprios e diferentes entre si. Exercer esse cosmopolitismo não é coisa para se fazer "de caras", pois reconhecer essas interculturalidades implica diálogos difíceis, questionamentos, desconstruções, comparações tensas entre valores e instituições... Mas é um caminho que quero percorrer. Como diz um dos meus sociólogos da cultura preferido, e também político, e também defensor dos valores da esquerda democrática, Augusto Santos Silva parafraseando Ulrich Beck:
Ser cosmopolita é, desde logo, ter uma atitude de abertura face ao outro. É cultivar e actualizar a clássica regra da hospitalidade, que já para os Gregos constituía um dever cimeiro de gente civilizada. Acolher o estrangeiro quer dizer, também, acolher bem, dispor-se a conhecer e a avaliar o estranho e o novo: hospitalidade face às ideias e seres diferentes, porque vêm de outros espaços do nosso tempo, ou vêm de outros tempos (do futuro, sim, mas também do passado: o cosmopolita tem uma atitude de abertura ao património herdado). É conjugar distinguir com incluir e não com excluir.É mesmo assim que eu tento ser!