6.9.10

Das reformas

Porque é difícil libertarmo-nos de velhos hábitos, o que por um lado nos ajuda a persistir em boas práticas, ando a criar uma série de referências que constituem a minha bibliografia actual. Algumas leio-as e remeto-as para uma pasta a não seguir, outras confesso que me inspiram. Gosto de as ter por perto, acho que "fazem escola", quero que outros as conheçam e, por isso, as cito evocando excertos como se sublinhasse a feltro fosforescente nas páginas do livro que é a fonte. Como esta de Correia de Campos no princípio de Reformas de Saúde (2009):

«Este livro é sobre política. Política de saúde. Sobre as reformas necessárias para que as políticas correspondam às aspirações da maioria dos portugueses, a única forma de definir o interesse público. A política é a escolha entre diferentes e por vezes opostas vias de acção, uma escolha que deve ser ditada pelo interesse público.
Algumas escolhas nem sequer são possíveis, são impostas pela dignidade, pelo progresso, pelos direitos dos cidadãos. Outras foram já decididas desde há muito tempo, como a do modelo do sistema de saúde. Outras que foram diferidas no tempo, devido à indecisão de decisores, incapazes ou impossibilitados de escolherem em tempo útil ou, tendo escolhido, não ousaram decidir e passar à acção. Procurámos enfrentá-las. Finalmente outras ainda, em parte foram agora decididas, em parte estão por fazer. Todas são por vezes dolorosas, mas necessárias. Sem elas o sistema ficaria entregue a si próprio, à sua dinâmica interna e à ingovernabilidade caótica, raramente coincidente com o interesse público. Implicam risco, sacrifício e impopularidade temporária e localizada; implicam coragem em seguir um rumo, em lançar o fio condutor que as una de forma coerente.»

E esta coragem, espero, também virá "de cor"...