8.2.22

“Lixar” a democracia com CH lá dentro

Se a linguagem popular empresta ao verbo “lixar” o gesto negativo de prejudicar, “lixar” é também uma das acções que permitem arredondar arestas e ir dando a uma peça a sua forma desejável. A propósito desta dupla significação, vou falar do Partido que, como um organismo infeccioso, usa como hospedeira a Democracia para a destruir por dentro: o CH.

Não conto perder muito tempo a dar-lhe palco, mas espero que nos diferentes lugares políticos onde há eleitos seus, os outros eleitos estejam atentos. Nas autarquias até foram os próprios a traçar as chamadas “linhas vermelhas” que os distinga do resto, que menosprezam. Há que verificar se cumprem o que prometem, e se não cavalgam ondas que outros lhes oferecem para crescer. Como, por exemplo e a nível nacional, querer debates quinzenais com o Governo só para conseguirem soundbites, disfarçando com a desculpa da fiscalização. Importante é que a fiscalização se faça em comissões parlamentares, as que dão muito trabalho a todos, governo ou oposição, e para as quais os media deviam estar tão atentos como estiveram no caso da chamada comissão do BES.

Sem propostas exequíveis de governação, o que é próprio de proto-vanguardas que se apresentam como a solução para o que está desgastado, os novos Partidos tendem a enredar-se em contradições perante a realidade e a perpetuar chavões que, com mais ou menos nível, são mais iscos do que alimento para massas a conquistar. Felizmente, a maior parte dos eleitores tem vindo a dar o poder de governar a quem se concerta para lidar, democraticamente, com os destinos do País.

Aliás, o poder local vai proporcionando várias montras disso mesmo, e, voltando às autarquias, estas são lugares onde é relativamente fácil, quando se tem interesse e tempo para estar atento, verificar essa discrepância entre as práticas da mesma “cor” nos governos ou nas oposições. O perigo de quem não lida assim com o poder democrático é quando só se propõe para governar a solução que é exactamente pisar os três princípios que, desde finais do século XVIII, acompanham o rumo que se queira de progresso humanista: a liberdade, a solidariedade e a oportunidade. E que não se confundam, quando dá jeito, com rebaldaria, jeitinho e oportunismo, três práticas de que qualquer reunião do CH tem sido bom exemplo.

Que ninguém “se esteja a lixar” para gente desta, agora com mais poder para tentar tramar quem se empenha. Que esteja muito atento quem, a partir das suas diferentes perspectivas ideológicas, trabalha para prosseguir com os princípios e valores humanistas. Os que pensam a prosperidade dos Povos e “alisam”, com boa vontade, as imperfeições da Democracia em Portugal que, no acertar dos tempos, vão surgindo, sempre. Até, por exemplo, por causa de inesperadas pandemias ou colapsos do capitalismo. O “ismo” a que todos já nos encostámos.