Antes de mais, os meus votos de um
bom 2020. O ano que entrou com o anterior a despedir-se com mais uma cena
decorrida no hospital de Setúbal, desta feita uma agressão de uma doente a uma
médica. E com os professores a reclamarem-se, pelas redes sociais, ainda no
topo do ranking das corporações agredidas. O ano que entrou com o PR, ele
mesmo, a não acatar os conselhos das autoridades, semelhantes àqueles que
devemos seguir quando as intempéries acontecem, e a viajar são e salvo para a
Ilha do Corvo. Das duas uma: ou provou que quem não arrisca não petisca, ou
quer provar que é um ser ungido e inquebrável como um super-herói. Até porque,
a juntar a isto, ainda se o ouviu a assumir o facto de andar a levar uma vida
que os seus médicos desaconselham. Enfim, não sei se chore, se ria...
De facto, às vezes dou por mim
completamente derrotada nos argumentos que uso com quem converso sobre a
importância do Conhecimento e da Cultura no desenvolvimento do indivíduo... É
que chega um microfone e uma câmara e zás!, parece ficar tudo reduzido ou à
parvalheira ou, feito o recorte e a edição, à descontextualização criadora de
não mais que uma comédia rasca.
A juntar a isto, ainda tivemos o
Papa a dar um valente sopapo na mão de uma fan em histeria que, diga-se,
parecia estar a “pedi-las”, para usarmos o jargão de muitos dos agressores em
casos de crime provado de violência doméstica. Bem sei que logo a seguir veio
pedir desculpas e perorar sobre o horror da violência sobre as mulheres, mas eu
oiço para aí muita gente a educar outra dizendo qualquer coisa como “que as
desculpas não se pedem, evitam-se”. É uma expressão algo irritante, porque
quando se faz asneira e se prejudica alguém, o mínimo é pedir desculpa. Mas nem
isso apaga o mal feito, nem é garantia que a lição tenha sido aprendida.
Concluindo, parece que entrámos nos
loucos anos 20 deste século um bocado endoidecidos. Entre os “ais” de dor e os
“ai,ai,ais” dos ralhetes, feita a média dá um “ai, ai”, suspiroso, ou um “ai,
ai” queixinha, ou um “ai, ai” lamuriento. Qual deles o pior! Depois
admiremo-nos que seja o mafarrico a escolher...