20.9.11

«E o Povo, pá?»

Com o aproximar do regresso para a segunda série das crónicas da Diana, fui pensando em acrescentar a esta edição uma variante. A ideia surgiu-me quando, numa das poucas escapadelas que a minha troika caseira permitiu durante os meses de veraneio, ouvia numa rádio nacional uma dupla de especialistas, julgo mas não juro que eram psicólogos, construírem as suas intervenções em torno de provérbios de origem popular. Entretanto também cá por Évora, e no âmbito desse festival não-pop, não-rock, não de músicas ou danças deste ou de outro mundo, mas muito ousado, e que se tem estendido durante todo o Verão com sede na Igreja de S. Vicente – falo d’ O Escrita na Paisagem – os promotores do Festival começaram a editar o programa num almanaque semanal que, à boa maneira de um tradicional almanaque, põe também na ordem do dia a sabedoria popular.

Não sendo por isso nenhuma inovação, julgo que esta minha nova “pauta” me pode ajudar a alinhar os textos que, convenhamos, têm muita tendência para ter objectos e sujeitos recorrentes, e que é legítimo que surjam ao sabor das circunstâncias que vão merecendo opinião e posição da autora, isto é, eu própria. Assim, em cada crónica estava a pensar que a propósito da sentença popular, ou a propósito de um ou outro caso que me suscite reflexão, lá vá de provérbio. Acho que quer eu, quer os ouvintes poderemos a partir desta raiz popular e colectiva dar asas às nossas reflexões pessoais, sobre um assunto que me interesse e sobre o qual eu gostaria de tornar-vos interessados.

Afinal, os provérbios ou sentenças populares são por definição a voz do povo o que assenta que nem luva ao regime democrático em que vivemos e aos gritos que mais recentemente temos ouvido em manifestações populares e que pode ser condensada no «E o Povo, pá?» Não sendo esta uma pergunta proverbial popular, pois tem autores bem conhecidos, pode ir tendo nas sentenças tradicionais respostas possíveis. Eu dou um exemplo e já agora cito uma das fontes que estará mais à mão de quem faz das tecnologias a sua pena e parte da sua documentação, o sítio da Internet assim chamado Citador, e que a propósito do tema do “político” nos atira como murro no estômago esta sentença fatal: "Bom político, mau cristão”. Apre!, exclamo eu, como isto pode dar “pano para mangas”…
Até para a semana.