2.2.21

Um apelo aos democratas-cristãos

Andámos uma semana a ouvir sociólogos de bancada a traçar perfis de populações. Como as ciências sociais não vivem só de encostar a orelha às conversas de amigos, fico à espera do estudo que me explique as sempre prováveis tendências e movimentações dos votos nestas eleições.
Até lá, peço aos democratas-cristãos que, como o próprio nome indica, se empenham em ouvir não apenas a voz do próximo mas a voz de Deus, que se empenhem também em acarinhar as “ovelhas”, termo que uso com todo o respeito com que o faz o Salmo 23. Cruzo-me com muitas delas e sinto-as transtornadas. Pasmo perante quem estava habituada a ouvir um discurso sobre as virtudes da família, sobre as obrigações do acto caridoso e dos deveres da hospitalidade, para que o reino dos céus também os acolha em reciprocidade.
Parece-me que nestes dois últimos anos, quando uma alcateia escolheu um dos seus, e lhe conseguiu arranjar palco, o seu uivo começou a encantar o rebanho. Claro que a culpa não é só do lobo que vestiu a pele de pastor. A conversa que faz é música para muitos ouvidos que esquecem salmos, epístolas e evangelhos, para ouvirem promessas de amanhãs que cantam (sim, sim, o mundo das promessas é muito monocórdico) em paraísos terrestres onde só os perfeitos entram. Aos outros talvez baste a fogueira, modelo experimentado de que a Igreja já se arrependeu, deixando, parece, alguns com saudades e pena.
Faço, pois, um apelo aos que não apenas militam em Partidos, que escolheram guiados pelos valores cristãos, mas também frequentam os templos em que se espalha e acolhe um discurso de Amor ao próximo. Que se empenhem em que se espelhe nas Políticas que propõem e praticam a doutrina cristã, a da Bíblia que, de resto, é partilhada pelas religiões que têm o Corão e a Torá como Livros bons. Chega de termos quem invoque a palavra de Deus antes do acto de terror. Que é o que faz quem faz explodir o problema, em vez de o tentar resolver a bem ou, vá lá, o melhor possível.