Entende-se, tradicionalmente, por lobby o esforço desenvolvido por uma
entidade, não apenas privada mas sempre com interesses particulares dos que a
constituem, no sentido de influenciar quem governa ou quem legisla. Um lobby é, por isso, um grupo organizado
de pressão para atingir determinados objetivos ou para defender certos
interesses.
Os lobbies podem ser desde os das indústrias tabagista e farmacêutica aos
sindicalistas, passando pelos dos reformados e dos jornalistas, o das causas de
igualdades de género (como o movimento LGBT), ou até dos defensores das baleias,
entre tantos e tantos outros que revelam a imensa diversidade humana que,
felizmente e quando em liberdade de expressão, constitui a Humanidade. E muitos
têm sido os que têm “feito lobby”,
que é a expressão verbal que corresponde à sua ação, para obter vantagens ou
conseguirem o apoio necessário às suas causas, com maior ou menor sucesso.
À partida e numa sociedade evoluída,
sendo este adjetivo aqui sinónimo de uma democracia na plenitude do seu
conceito, o lobby deve ser
considerado normal e feito “às claras” até para não se confundir com
“favorzinhos” ou “jeitinhos”. Mas é-o sobretudo porque revela que os indivíduos
que compõem essa sociedade se interessam por causas que podem tornar-se
públicas e agem num esforço conjunto de contribuir para um bem comum.
Os grupos organizados, empresas, organismos
ou movimentos sociais, têm o direito e até o dever de se empenhar na defesa dos
interesses que defendem ou das ideias que professam. Infelizmente, a classe
política está fragilizada. A sua conduta sempre sob escrutínio, felizmente. E o
jogo de vários governos a diferentes níveis, que se rendem por vezes a grupos
para obter vantagens, faz do lobby
não assumido, e não às claras como deveria ser, algo pernicioso e logo
identificado com o abuso de poder, sobretudo o económico, com a corrupção e
tudo o que há de mais deplorável no relacionamento humano em diferentes escalas.
É que o lobby em si não merece este retrato
pejorativo com que é distinguido. A sociedade deve estar mobilizada para influenciar
o poder público. Afinal de contas, o poder representa-a e foi por ela eleito. A
aceitação do lobby enquanto prática
está por isso limitada, julgo, ao uso democrático, transparente e ético dos
instrumentos utilizados para esta influência. A corrupção, as
“gratificaçõezinhas” e outros procedimentos não éticos devem ser vistos sob uma
perspetiva legal e devidamente penalizados, e nada têm a ver com lobby ou até com o que muitas vezes
“fazer lobby” implica, a comunicação,
coisa diferente de propaganda.